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ComCiência
On-line version ISSN 1519-7654
ComCiência no.111 Campinas 2009
EDITORIAL
Novas fronteiras na educação superior*
Carlos Vogt
O programa Univesp - Universidade Virtual do Estado de São Paulo, concebido pelo governo estadual, por meio da Secretaria de Ensino Superior (SES), para desenvolver-se e funcionar em parceria com a USP, a Unicamp e a Unesp, tem como objetivo contribuir para a expansão do ensino público superior paulista. A estrutura consorciada da Univesp agrega ainda outras importantes instituições, entre elas a Fundação Padre Anchieta, a Fapesp, a Fundap, a Imprensa Oficial e o Centro Paula Souza.
Os cursos a serem oferecidos via Univesp têm o seu projeto acadêmico e os seus conteúdos formulados pelas universidades que os propõem, e que são responsáveis também pelo processo de seleção para o ingresso dos estudantes, bem como pela avaliação de seu desempenho nos cursos. À Univesp cabe garantir as condições materiais, financeiras e tecnológicas para a realização desses cursos, acompanhando, de modo integrado com a instituição parceira, a sua realização, o seu desenvolvimento e o aproveitamento dos alunos neles matriculados.
Como se trata de um programa de ensino superior que supõe o uso intensivo das tecnologias de informação e de comunicação, além das práticas e das metodologias mais tradicionais de ensino, incluindo um componente significativo de atividades presenciais, a Univesp conta com um recurso que muito contribui para a sua singularidade no cenário do ensino superior público e gratuito no Brasil: a participação da Fundação Padre Anchieta no programa, com a implantação da tecnologia digital no seu sistema de televisão, permitiu que fosse criada a Univesp-TV, com um canal aberto dedicado exclusivamente à programação da universidade virtual.
O apoio efetivo que o governo do estado tem dado ao projeto, desde o momento em que o apresentei ao governador, quando eu ainda era presidente da Fapesp, veio se concretizando inclusive na dotação orçamentária da Secretaria de Ensino Superior para a implantação e desenvolvimento do programa com recursos do governo e sem nenhum ônus adicional para as instituições parceiras.
Estivemos, desde que fui designado para secretário de Ensino Superior, em agosto de 2007, envolvidos num trabalho intenso e agradável de conversações, planos, ajustes, acertos e definições, juntamente com as instituições que participam do projeto, em especial as universidades, o Centro Paula Souza e a Fundação Padre Anchieta.
A virtualidade da Univesp é também, por paradoxal que seja a afirmação, o que lhe dá realidade, presença e necessidade no cenário da educação superior em São Paulo e no Brasil. Associando e integrando metodologias tradicionais e tecnologias inovadoras de ensino, a Univesp, enquanto consórcio de instituições competentes, tem, desde a sua concepção, sua estrutura e seu funcionamento, o compromisso e a obrigação da qualidade.
Trata-se de uma forma de conceber a educação que amplia o tempo e o espaço de atuação das instituições de ensino superior, forma esta que vem sendo utilizada com sucesso em várias universidades de ponta em diferentes países, como é o caso da Universidade Virtual do Pays de La Loire (França), Universidade Aberta da Catalunha (Espanha), a Open University (Inglaterra) e a Universidade Virtual do Instituto Tecnológico de Monterrey - Itesm (México).
Organizando suas atividades presenciais por polos distribuídos em diferentes regiões do estado, mantendo um contato constante e sistemático com seus estudantes através da internet ─ pela plataforma de aprendizagem Tidia-AE, desenvolvida pela FAPESP ─, da Univesp-TV, da telefonia e dos materiais didáticos impressos para a realização e acompanhamento das atividades de ensino e a avaliação de desempenho dos alunos, a Universidade Virtual do Estado de São Paulo estende o espaço físico que abriga nossas universidades e interioriza, ampliando-o, o abrigo que essas instituições oferecem aos destinos e destinações profissionais e humanas das populações jovens de nosso estado e de nosso país.
O jovem vai à universidade e a universidade vai à sua juventude como possibilidade concreta no caminho de sua trajetória social, contribuindo para aumentar a oferta de vagas no ensino superior público gratuito e criando condições de maiores facilidades operacionais para deslocamento geográfico do estudante que parte de seus interiores em busca das grandes instituições paulistas. Dessa vez, as universidades se movem até eles e neles buscam também o abrigo vivo para o exercício pleno de sua missão maior, que é educar e, pela educação, transformar em cultura dinâmica para a vida os processos de ensino e aprendizagem, de produção, difusão e divulgação do conhecimento associados à responsabilidade ética e profissional que a formação universitária deve consolidar em seus estudantes.
* Publicado, originalmente, no jornal Folha de S.Paulo (Tendências/Debates), em 15 de julho, de 2009. p. A-3.